Eternamente Apaixonados (Eternamente Amándonos, no original), novela mexicana protagonizada por Marcus Ornellas e Alejandra Robles Gil, estreia nesta segunda-feira (9) às 17h45 no SBT, prometendo levar ao público brasileiro uma história que aposta menos no melodrama tradicional e mais em uma construção emocional sutil — algo ainda raro nas produções atuais da Televisa.
Produzida por Silvia Cano, que anteriormente assinou a série Sin Rastro de Ti (2016), a novela marca sua consolidação como uma voz autoral dentro da nova safra de melodramas da emissora mexicana. Adaptada livremente da ficção turca İstanbullu Gelin (A Noiva de Istambul), a obra é centrada em Paula e Rogelio, dois personagens que vêm de universos distintos e precisam enfrentar um emaranhado de segredos, diferenças culturais e familiares para manter o amor que os une.
O grande trunfo da novela é justamente sua abordagem humana. Cano foge dos vilões caricatos, do tom panfletário ou dos apelos fáceis e aposta em um retrato mais realista e até contido dos conflitos. A sogra controladora Martina (Diana Bracho) representa o conservadorismo entranhado nas famílias tradicionais, mas sem deixar de ser uma figura tridimensional — algo que lembra as boas vilãs clássicas com nuances.
O roteiro, ainda que às vezes se alongue em tramas paralelas pouco impactantes, como o triângulo envolvendo os irmãos de Rogelio, se mantém firme na proposta de refletir sobre laços familiares, luto, reconciliação e pertencimento. A ambientação em Morelia, com seus campos e casarões coloniais, reforça a atmosfera intimista e regionalista da produção.
Marcus Ornellas, embora mais contido, entrega um Rogelio coerente com o homem dividido entre a lealdade à família e o desejo de seguir o coração. Já Alejandra Robles Gil surpreende ao dar vida a uma protagonista madura, que não é submissa nem exageradamente reativa — uma mulher que aprende a se posicionar diante das circunstâncias, sem perder sua vulnerabilidade.
Visualmente, Eternamente Apaixonados é uma novela bem cuidada. A direção de arte e a trilha sonora colaboram para o tom melancólico e delicado da narrativa, e a canção-tema interpretada por Carlos Rivera (“Digan Lo Que Digan”) é um dos elementos mais elogiados pelo público mexicano, que rapidamente a adotou como hino dos protagonistas.
No México, a novela teve uma audiência sólida e uma recepção crítica positiva, especialmente pelo público que valoriza produções mais centradas em sentimentos e relações do que em reviravoltas barulhentas. Ainda assim, algumas críticas apontaram certa lentidão em partes do enredo e a repetição de conflitos familiares que poderiam ter sido resolvidos com mais objetividade.
Para o público brasileiro acostumado com as novelas clássicas da Televisa recheadas de vilões maquiavélicos, revelações bombásticas e mocinhas sofridas, Eternamente Apaixonados pode soar mais sutil do que o esperado. Mas, para quem está aberto a uma narrativa emocionalmente honesta, esse novo trabalho de Silvia Cano é um respiro bem-vindo — um drama sobre o amor possível em meio ao caos cotidiano das relações humanas.
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